segunda-feira, 10 de março de 2008

Branco

Um homem grande e forte. Aparecência cuidada. Geme de dor. Não se mexe, não fala. Não consegue dizer o que tem, onde doi. Grita como pode. Uma voz presa, desesperante. Um olhar sofrido, suor, respiração e batimentos cardíacos acelarados. Pede ajuda com o que resta, grita, chora como pode. Não se sente. Não tem família, não tem um amigo. Não tem roupa, não tem meias, não tem sapatos. Não tem um número de telefone. Não tem telefone.
Uma pessoa de branco vai para perto dele. Põe-lhe a mão no peito e pensa que é mágica. Que qualquer coisa vai percorrer a sua mão e vai chegar até ele.
Não resulta.
Estou aqui diz baixinho. Vai passar diz baixinho. Vou ajudá-lo diz baixinho. Vou dar-lhe água diz baixinho. Não vou sair daqui diz baixinho. Vou dar-lhe medicação diz baixinho. Vou virá-lo diz baixinho.
Adormece.

1 comentário:

mary disse...

:) o homem de branco que nao fala nem pode dizer o que tem.. e ela cuida dele como cuidaria de si mesma, com tanto carinho.
O homem de branco pode ter chegado sem nada, mas vai com um sentimento novo no coração, com a certeza que alguem o olhou bem nos olhos e disse, estou aqui... e vou cuidar de si. *

 
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