segunda-feira, 30 de maio de 2011

Enfermeira Olim, plim*

Quando estamos do outro lado, a cuidar de quem está doente, é impossível não pensarmos em como seria se ali estivéssemos nós. Como seria não ter força nem corpo, não ter voz nem escolha, apenas ir vivendo do cuidado dos outros, do bom e do mau.

Ser alimentado, ser acordado, ser posicionado por alguém. Pegarem em nós todos os dias para nos darem banho, mudarem-nos a fralda, cuidarem das nossas feridas como feridas, sem saber a que sabe a dor.

Os olhares vazios e ausentes dos que li estão presos a um corpo, a uma condição que nos ultrapassa, que ninguém quer para si porque ninguém gosta de sofrer, de ser dependente, de precisar mesmo sem conseguir pedir, que façam tudo por nós próprios, tamanha é a nossa incapacidade para fazer seja o que for.

Cuidaste de tantos e sempre disseste que se um dia ficasses assim preferias morrer.

Por isso hoje, quando soube que após seis meses de luta partiste finalmente, imaginei-te leve e não vencida, liberta do medo de ficares ali invalida como os doentes que juntas tratamos tantas vezes.

Para mim foi também um alívio saber que a vida te levou para um outro lugar. Um lugar sem dor. Um lugar cheio de Paz.

Paz querida A.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O meu vizinho de cima é um homem de pujança. Há 17 minutos que faz o amor com sua mulher fervorosamente e sem pausas. O meu tecto range, a minha porta lateja e eu temo pela minha vida.

Haja saúde.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

29 anos, 53 minutos e nem uma lágrima

Quando fiz 27 anos vivi uma crise existencial. Que não podia ser, ter chegado até ali e não ser a pessoa que com 10 achava que a essa altura já seria. Porque não tinha encontrado um lugar certo para viver, nem tinha o trabalho que me realizava, nem sabia ao certo como ia ser o dia de amanhã, nem tinha pelo menos um filho, logo eu que desde os 16 não falava de outra coisa.

É engraçado fazer 29 e não ter nenhuma destas inquietações. Estou momentaneamente desempregada, vivo num país estranho e sem sol, e apesar disso sinto que não podia neste momento ter feito as coisas de outra forma que não desta. Deve haver um propósito para estar aqui, porque foi quase a ultima opção, porque eu dei tanto tempo ao tempo para que o natural e mais desejado acontecesse, porque eu passei muitas, muitas horas de sono a pensar em alternativas e porque, se assim não tivesse que ser, não era de nenhuma forma justo eu estar aqui agora. E se eu tivesse conseguido voltar ao norte, eu já quase adivinharia uns quantos outros desfechos igualmente previstos, talvez até mais previstos do que profundamente desejados.

Parece que me tornei uma pessoa pouco estável. Nos sentimentos e nos desejos. Hoje, depois de tudo o que vivi aos 28 alegra-me apenas estar viva, ter ainda mais tempo para ir cometendo estas pequenas loucuras, ter a maturidade para aceitar os nãos da vida sem que disso faça imediatamente um grande drama, e ter a delicadeza e a sensibilidade que tão bem me caracterizam, sem sentir nem me preocupar que, aos olhos de alguns , pareça que nunca mais parei se ser criança.

Eu não me importo de estar assim, porque esta é a melhor forma de eu me sentir feliz agora. Não me parece que isto me baste, mas agora, agora é apenas isto. E amanhã, amanhã logo se vê.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Mais uma descoberta: Osvaldo Montenegro

'Não pense que o mundo acaba ali aonde a vista alcança. Quem não ouve a melodia acha maluco quem dança. Se você já me explicou agora muda de assunto. Hoje eu sei que mudar dói, mas não mudar dói muito.'

Osvaldo Montenegro

Obrigada Rita*

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Hoje íamos na rua e dizem-me. Ouve esta música eu acho que tu vais gostar.
E eu amei.

O meu mundo era o apartamento
Detefon, almofada e trato
Todo dia filé-mignon
Ou mesmo um bom filé... de gato
Me diziam todo momento
Fique em casa, não tome vento
Mas é duro ficar na sua
Quando à luz da lua
Tantos gatos pela rua
Toda a noite vão cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás

De manhã eu voltei pra casa
Fui barrada na portaria
Sem filé e sem almofada
Por causa da cantoria
Mas agora o meu dia-a-dia
É no meio da gataria
Pela rua virando lata
Eu sou mais eu, mais gata
Numa louca serenata
Que de noite sai cantando assim

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora, senhorio
Felino, não reconhecerás

domingo, 15 de maio de 2011

And you are always with me

quarta-feira, 11 de maio de 2011

O mundo está dentro de mim. Esta mente, esta minha mente é a mesma que me mostra a beleza, o tamanho do mundo e dos sonhos e a mesma que me atira vezes sem conta para o mais assustador poço de medos. No mesmo dia passo por estranhos estados de alma, tão diferentes e tão difíceis de equilibrar.

Penso demasiadas vezes como a maior padecente do mundo, que já chega, que já não mereço mais isto, que já suportei tantas coisas difíceis e o fiz por demasiado tempo, que já me fartei de perder e que até já me lancei sozinha nesta luta. E peço peço, imploro, oro, rezo, medito, leio, inspiro-me, inspiro e desejo, desejo tanto que a minha vida comece a retomar um rumo mais certo, um caminho mais sorridente, um cantinho mais colorido onde eu possa enfim, voltar a viver em paz.

domingo, 8 de maio de 2011

here you are and then you gone

domingo, 1 de maio de 2011

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E às vezes são muitas as pequeninas coisas que me fazem encontrar a resposta. Uma que chega inofensiva, outra e mais outra... e quando dou por elas e as sinto todas juntas descubro que já mais nada há a fazer.

 
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