segunda-feira, 30 de maio de 2011

Enfermeira Olim, plim*

Quando estamos do outro lado, a cuidar de quem está doente, é impossível não pensarmos em como seria se ali estivéssemos nós. Como seria não ter força nem corpo, não ter voz nem escolha, apenas ir vivendo do cuidado dos outros, do bom e do mau.

Ser alimentado, ser acordado, ser posicionado por alguém. Pegarem em nós todos os dias para nos darem banho, mudarem-nos a fralda, cuidarem das nossas feridas como feridas, sem saber a que sabe a dor.

Os olhares vazios e ausentes dos que li estão presos a um corpo, a uma condição que nos ultrapassa, que ninguém quer para si porque ninguém gosta de sofrer, de ser dependente, de precisar mesmo sem conseguir pedir, que façam tudo por nós próprios, tamanha é a nossa incapacidade para fazer seja o que for.

Cuidaste de tantos e sempre disseste que se um dia ficasses assim preferias morrer.

Por isso hoje, quando soube que após seis meses de luta partiste finalmente, imaginei-te leve e não vencida, liberta do medo de ficares ali invalida como os doentes que juntas tratamos tantas vezes.

Para mim foi também um alívio saber que a vida te levou para um outro lugar. Um lugar sem dor. Um lugar cheio de Paz.

Paz querida A.

1 comentário:

Bacouca disse...

Querid Di,
Apesar da saudade é um alívio sabermos que um amigo ou familiar deixou de sofrer.
Essa é uma dôr enorme. A sua amiga está em paz como diz.
Um grande Beijo
Mãe Becas

 
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