quarta-feira, 23 de março de 2011


Uma semana. Daqui a uma semana este deixa de ser o meu trabalho, esta a minha casa, este o lugar no qual vivo, estas as pessoas com quem estou todos os dias, este o meu carro, este o supermercado onde me abasteço, este caminho que faço. Daqui a uma semana, vou encher o meu carro com o que me resta, e vou partir. Esperei tanto por este momento, desejei tanto, tanto, quase que posso dizer que desesperei tanto por ele, que agora que chega, estou em paz, estou tranquila. O amor vai no meu coração, não tenho nunca que o deixar para trás, e é ele que me une para sempre a todos os que conheci e se tornaram família. No meu coração cabemos todos, para sempre*
Uma semana, é o tempo que falta para a minha vida mudar.


segunda-feira, 21 de março de 2011

Ultima noite no serviço*

Não volto a fazê-las tao cedo:) WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE

Passei agora perto do M. para ver se estava bem, teve que ir ao banhinho.... E então lá lhe perguntei...

Eu- M, como é que eu me chamo? Diiiiiiiii
Ele- Diiiiiiiiiiimerda!

domingo, 20 de março de 2011

"Não fiques na praia com o barco amarrado e medo do mar!
Tudo aqui é miragem mas na outra margem há alguém a esperar!
...Como a onda que morre, sozinha na praia,
Não fiques brincando!
No ar confiante, ensina o teu canto de ave voando!
Ninguém te ensinou, mas no fundo tu sentes, asas para voar!
Nem que o céu se tolde e as nuvens impeçam, tu não vais parar!
Há gente vivendo, tranquila e contente,
Como eu já vivi!
És águia diferente, céu azul, cinzento,
Foi feito para ti!
Voa bem mais alto, livre sem alforge, sem prata nem ouro,
Amando este mundo, esta vida que é campo
e esconde um tesouro!"

O meu querido colega Hélder sabe que eu sou um passarinho e mostrou-me esta canção. Prometi não me esquecer dela e lê-la sempre que precisar de força.
-Foi feita para ti Di, embora não saiba quem a escreveu.
Obrigada! Ainda não fui embora, mas já me custa imaginar o momento das despedidas. Adivinham-se muitas lágrimas, mas um coração cheio.

terça-feira, 15 de março de 2011


Eu, dramaticamente falando...
- tenho a certeza que vais sentir muita falta do trabalho que fazias aqui, dos doentes..
Ele, calmamente respondendo...
- paciência.

quarta-feira, 9 de março de 2011

9 Março 2011

Lembro-me que chamavas catrunhos aos dedos dos pés, que gostavas do mar, de dançar, de comer feijoada. De adormecer com os cães ao teu lado, acordar tarde, dormir na praia debaixo do sol mais escaldante. No dia em que nos conhecemos tinhas um lado da cara queimado e sem pele e o outro branco.

Gostavas de beber vinho tinto, cerveja, café e batidos de fruta. De cozinhar. Querias ser sempre o melhor em tudo a que te propunhas. Não gostavas de perder.
Querias há muitos anos ter filhos, mesmo quando ainda mal tinhas entrado na adolescência. Querias ser dono de uma empresa, que hoje existe, querias ter sido piloto. Gostavas de mapas e geografia e muitas vezes a caminho da escola obrigavas-me a decorar as capitais, pelo menos as da Europa dizias-me tu. Se não sabias a do mundo todo sabias certamente a grande parte.

Não suportavas que não te desse a mão na rua, eras demasiado protector, possessivo e sensível.
Sempre foste vaidoso, sempre foste bonito, meigo e doce. Raramente elevavas a voz, era difícil tirar-te do sério, deves estar a rir agora… porque eu consegui muitas vezes:)
Não sabias ouvir um não. Dizias que eu era a pessoa mais teimosa que conhecias.

Tinhas sempre sorte com tudo, e por diversas vezes escapaste na última de enormes sarilhos. Ficava fula quando me metias neles contigo e descobria tarde demais.
Eras preguiçoso.

Eras inteligente. Gostavas que eu te ouvisse horas a fio a contares-me a tua ultima fantástica ideia. Dizias que as melhores surgiam no banho, ficavas horas debaixo do chuveiro nos momentos de inspiração.

Gostavas de andar de mota. Caímos os dois uma vez e nunca mais fui contigo nela a lado nenhum. Ainda hoje se notam as cicatrizes. Andamos muito pé por causa disso.

Gostavas de me escrever bilhetes. Guardaste todas as cartas que te escrevi durante os quase dez anos que partilhamos. Quando ultimamente as reli fiquem impressionada com o que ainda pequeninos prometemos construir juntos. Gostavas de promessas.

Não lias livros, mas aguentavas a luz acesa até tarde por saber que eu adorava ler antes de dormir.

Não querias que eu fosse enfermeira, dizias que era sensível demais para isso, que ia sofrer. Por ti, teria sido educadora de infância.
Dizias-me vezes sem conta que ia ser a melhor mãe do mundo porque toda eu era maternal.

Falavas das coisas difíceis quando já tinham chegado ao limite, coisa que aprendemos bem um com o outro.
Eras distraído.

Sempre foste um bom amigo, os teus nunca te sentiram a falta, até agora. Gostavas de lhes dar o que tinhas, para que nada lhes faltasse, e não sei até que ponto não foi também isto que te prejudicou.
Gostavas de te divirtir, de fazer rir, de falar. Não gostavas de domingos.

Quero lembrar-me de ti pelas coisas boas. Os sorrisos que raramente te faltavam, o sentido de justiça, a loucura nas pequenas coisas. Ainda hoje me rio com o dia em que partimos para Itália. Da porta de casa ao táxi conseguiste cair duas vezes, eras um grande taralhoco.

Os teus pais eram para ti os melhores do mundo, o reflexo do amor-perfeito. A tua infância a mais feliz, sempre te orgulhaste das histórias vividas em família, dos teus irmãos, do tempo passado em Macau, do casamento com a chinesa no infantário.
Chorei muito quando morreu a avó Alda. Estavas à minha espera em casa para me contares, tu e o João, tu não conseguias chorar eu fi-lo por nós os três.
Acredito que foi ela que te recebeu quando aí chegaste, ou pelo menos é o que eu gosto de pensar que aconteceu, ajuda a que doa menos.

Hoje fazes anos. Não acredito ainda no farias, para mim ainda fazes e por isso aceita este meu ultimo presente.
Aceita que, daqui para a frente, os meus olhos sejam também os teus e o que eu contemplo chegue até ti sem barreiras. Que o meu olfacto nos sinta as essências da vida, para te lembrares ou para conheceres o que não tiveste tempo de cheirar. Aceita que a minha pele te permita não esquecer a que sabe o toque do sol, a água quente do chuveiro, um mergulho no mar, um beijo, um abraço.

Que a música que me embala e alegra seja a mesma que te faz dançar.

Aceita que o meu coração seja o teu coração, que me ajude a viver intensamente e a transmitir-te o que gostavas e gostarias de ter sentido, que palpite feliz por mim e por ti.
Que não me deixe perder a coragem de ir à luta, de querer o que aí vem.
Que através dele sintas também o que dói perder alguém, porque de alguma forma continuo zangada por nos teres partido assim, não houve um pré-aviso nem tão pouco uma preparação.

Hoje e este será para sempre o teu dia, estejas tu onde estiveres. Continuas vivo no coração daqueles, e somos muitos, que não te deixaremos esquecer.
Parabéns A.


segunda-feira, 7 de março de 2011

Vou sentir falta

* de as encontrar à saída do trabalho


* de as ver nascer em pleno inverno

terça-feira, 1 de março de 2011

 
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