Quase que é um velhinho querido. Noventa e dois anos. A falta de lucidez ainda podia desculpar, mas não, não lhe falta o juízo.
Este senhor, fisicamente dependente, estava cheio de cocó ontem à noite. Descuidou-se e precisou de ajuda. Duas da manhã. Entro no quarto. Olha para mim sorridente. Enquanto o limpo pede-me que lhe chupe a chucha. Que sou tão boa e era bom comer-me. Ainda levanta a mão e tenta enfiar-ma onde a falta de visão não o engana. Amarro-lhe os braços com força e ralho com ele. É só um velhinho, coitado. Insiste. Olha a minha chucha é boa não é? Língua de fora mão no ar à procura de carne.
Este senhor ontem levou o meu querido colega P. à loucura. Mas o senhor pensa que isto é o quê? Está num hospital veja lá se tem respeito! Não o volto a avisar! E o velhote, com pálpebras vermelhas e caídas lá se desculpava. Mas passar a mão não é falta de respeito! Apalpar é falta de respeito! Oh filha oh filha diz lá que não gostas!
E eu limpava-o. Tinha sono, sono. Não me apetecia discutir com ele. Mandei-o calar-se. Cale-se homem! Esteja quieto! E amarrava-lhe os braços. Olhei para ele e vi o demónio. Velho velho, olhos vermelhos, caídos, desvairado. A língua de fora o riso.
O P. defendia-me. Olhe que não o volto a avisar! E o homem possuído parou.
Este senhor, fisicamente dependente, estava cheio de cocó ontem à noite. Descuidou-se e precisou de ajuda. Duas da manhã. Entro no quarto. Olha para mim sorridente. Enquanto o limpo pede-me que lhe chupe a chucha. Que sou tão boa e era bom comer-me. Ainda levanta a mão e tenta enfiar-ma onde a falta de visão não o engana. Amarro-lhe os braços com força e ralho com ele. É só um velhinho, coitado. Insiste. Olha a minha chucha é boa não é? Língua de fora mão no ar à procura de carne.
Este senhor ontem levou o meu querido colega P. à loucura. Mas o senhor pensa que isto é o quê? Está num hospital veja lá se tem respeito! Não o volto a avisar! E o velhote, com pálpebras vermelhas e caídas lá se desculpava. Mas passar a mão não é falta de respeito! Apalpar é falta de respeito! Oh filha oh filha diz lá que não gostas!
E eu limpava-o. Tinha sono, sono. Não me apetecia discutir com ele. Mandei-o calar-se. Cale-se homem! Esteja quieto! E amarrava-lhe os braços. Olhei para ele e vi o demónio. Velho velho, olhos vermelhos, caídos, desvairado. A língua de fora o riso.
O P. defendia-me. Olhe que não o volto a avisar! E o homem possuído parou.
Ficou limpo. Apagamos a luz e fechamos a porta.
6 comentários:
Nos casos que lhe acontecem põe sempre a inicial do nome para, claro, manter a privacidade. Neste não diz:imagino como a Di se terá sentido. Infelizmente não deverá ser o último: irão aparecer e quem sabe até muito mais novos, com a atitudes deploráveis que a Di nem sequer menciona a inicial do nome. Que tenha sempre um enfermeiro P. a seu lado.
Que horror,Di!
Um abraço cheio de ternura, minha querida.
muita paciencia pela tua parte..mas o que fica de bom é que ajudas uma pessoa com dificuldades..:)
que nojeira! é contra o regulamento deixá-lo ficar atulhado em cocó?
atulhado talvez não, um pouco lambuzado, quiçá
lol... k vida a nossa!!
Força pra ti...bj
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