segunda-feira, 30 de abril de 2012

C

Tenho uma doente maluca. A senhora até tem motivos para esta psicose mas é de um negativismo, um dramatismo, uma coisa inacreditável. Vive no escuro. Quarto escuro, roupa escura, chá preto. Não se ri, não tem expressão. Tudo tem que ser à hora exacta, se não, não para de se repetir.
Sempre que lhe faço perguntas responde-me com as suas dores. Que vai deixar de andar devido à pele descamativa que tem nos pés (já foi vista por 5!!!dermatologistas diferentes. Não tem nada mas não desiste e quer mais um!). Que tem dores insuportáveis nos joelhos, que um dia a vão impedir de andar. Que eu é que tenho sorte que ainda ando tão bem… e tenho saúde… ela não, ela sofre mais do que ninguém, tem mais dores do que qualquer outra pessoa no mundo, as coisas que lhe aconteceram… ai as coisas que lhe aconteceram! Os problemas que tem.. .o pânico que sente ao acordar? Um dia enfarta. Um dia deixa de andar porque o coração lhe pára.

Hoje, fui-lhe mandando mensagens escritas ao longo do dia. No tabuleiro do pequeno-almoço escrevi… “o céu está tão bonito, vamos vê-lo juntas?” não ligou. Escondi-lhe outro no meio da roupa preta… “ se eu fosse cor-de-rosa tudo era diferente”… não me disse nada. Até que se levantou… e deu de caras com um espelho na casa de banho, cheio de corações e sorrisos e onde se lia:

Que bonita que estou hoje… pareço um raio de sol.
Tenho o coração cheio de amor*

Foi vê-la sorrir sem controlar. As gengivinhas de fora, uma riqueza.
“ é tão maluquinha enfermeira Diana… tão maluquinha"

3 comentários:

Carla Morais disse...

Lindo, lindo! Também sorri, obrigada Diana!

Bacouca disse...

Querida Di,
Que maneira mais bonita de "acordar" alguém para a vida!
Quem nos dera enfermeiras dessas por todo o lado: juntar o profissional ao humano!
Beijo com muito amor
Mãe Becas

nat disse...

Ahahhaha a Louise Hay babaria de orgulho ahahhahah adoro.

 
Site Meter