sábado, 30 de agosto de 2008


Há que ir e voltar. Voltar:)

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Desligar o botão

Quem trabalha na saúde (para que não perca a sua), precisa de uma pausa. Uns dias sem pensar em dores, frustrações e pressas. Tempo para reencontrar os amigos, receber abraços, voltar a chamar finos à cerveja fresca, sentir o vento do norte, tirar fotos e dançar rancho. Comprar broa e comê-la com a Nat até mais não poder.
De sul a norte ou o sentido inverso. O caminho para casa já o sinto em ambas as direcções.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Susto

Não gosto de conhecer doentes durante a noite. Sou no fundo uma cagarolas. Tenho medo de olhares que não conheço. Sim é verdade. Apanho sustos com facilidade, e demoro muito a achar graça a isso.
Na última noite que fiz, na volta da 1 da manhã entro na enfermaria 8. Calmamente sabendo da existência de dois doentes que entraram durante a tarde, não conhecendo nenhum dos dois.
Entro de mansinho e quase morro de susto ao entrar. Mesmo à minha frente, semi deitado num cadeirão, um homem nu, com um olho aberto e outro fechado, que se levanta velozmente à minha chegada e pergunta com voz grossa – “QUEM ÉS TU?”
Amarro as mãos ao peito e quero fugir. Tremem-me as pernas mas acho tudo ridículo. Encaminho o senhor para cama e peço-lhe que durma. Saio mal posso. E só passado algum tempo me rio um bocadinho:)

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ser pequenino

Pequenino num mundo de grandes. Tenho pensado tanto nos meus doentes. Tanto que pode até ser demais. Tanto ao ponto de achar que ou começo a desligar um pouco ou a minha envolvência me trará algumas dores.
Sim sofro com vocês. Com todos os que vejo diminuídos num mundo ainda muito egoísta e despreparado para vos receber. Sofro pela vergonha que sentem perante um perda fecal ou de urina, à minha frente, ou à frente de todos. Sofro quando vos vejo caídos e a minha alegria me parece parva. Quando chego e não querem acordar. Quando vos obrigo a suportar um erro meu, fruto da minha inexperiência. Quando peço a um tetraplégico que me diga se o magoar durante uma algaliação, tendo perfeita noção que a falta de sensibilidade não lhes permite aceder ao meu pedido.
Quando não tenho tempo.
Ninguém me ensinou na escola a lidar com a dor interna e profunda de alguém. Nem a aliviá-la. Nem me ensinaram a lidar com esta frustração profunda que me atormenta. Valem-me os meus próprios doentes e a forma como cuidam de mim. A forma tão paciente e bondosa com que cuidam de mim.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Apetece-me

Ler livros para crianças.
Comer gelado de limão.
Andar de mão dada.
Mergulhar.
Adormecer de janela aberta.
Correr para Viana e reencontrar os meus sobrinhos.
Abraçar a Mel (e sentir o cheiro dela e ouvi-la e dar lhe beijos)
Andar descalça.
Acreditar.
Dormir.

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Pinturas

Não me canso de falar do meu trabalho. Da forma como ele transformou a minha vida. Se eu pudesse, faria visitas guiadas, apresentava os meus doentes e dava voz às suas histórias. Abria os olhos daqueles que parecem cegos perante a vida que têm.


Tive a oportunidade de lá levar a minha Nat. Para mim a Nat tem poderes. O seu toque sempre me acalmou, desde pequeninas. Levei a Nat ao centro para pintar com o R. O menino de olhos grandes e azuis de quem já falei um dia por aqui.
O R. gostou, esbugalhou os olhos azuis e ouviu tudo direitinho. Só ainda não falou porque ainda não chegou a hora. Mas eu acredito que não falta muito. Se acredito:)

Mini post


A minha ausência deve-se ao facto de viver a 1000 à hora todos os dias. Entre visitas dos melhores amigos, muito trabalho e muita praia não tenho um minuto que sobre.
Sinto me feliz, tão feliz como nunca me tinha sentido antes.







O Vitó é um dos meus melhores amigos e dos melhores enfermeiros que conheço. Desde segunda-feira que trabalha comigo. Só descansei quando o tive perto de mim e dos doentes do centro. Todos agradecemos.
 
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