quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ser pequenino

Pequenino num mundo de grandes. Tenho pensado tanto nos meus doentes. Tanto que pode até ser demais. Tanto ao ponto de achar que ou começo a desligar um pouco ou a minha envolvência me trará algumas dores.
Sim sofro com vocês. Com todos os que vejo diminuídos num mundo ainda muito egoísta e despreparado para vos receber. Sofro pela vergonha que sentem perante um perda fecal ou de urina, à minha frente, ou à frente de todos. Sofro quando vos vejo caídos e a minha alegria me parece parva. Quando chego e não querem acordar. Quando vos obrigo a suportar um erro meu, fruto da minha inexperiência. Quando peço a um tetraplégico que me diga se o magoar durante uma algaliação, tendo perfeita noção que a falta de sensibilidade não lhes permite aceder ao meu pedido.
Quando não tenho tempo.
Ninguém me ensinou na escola a lidar com a dor interna e profunda de alguém. Nem a aliviá-la. Nem me ensinaram a lidar com esta frustração profunda que me atormenta. Valem-me os meus próprios doentes e a forma como cuidam de mim. A forma tão paciente e bondosa com que cuidam de mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

Di, tens mesmo um coração de ouro!!! Fazes parte do grupo restrito de profissionais de saúde que trabalham pela causa!!! Continua assim...
Conheço o sítio onde trabalhas e sei o quão complicado é!!!

Há já algum tempo que acompanho o teu blog e me deslumbro com o que aqui escreves!!! 5 estrelas!!!

Bjocas

Anónimo disse...

Minha querida:

Mesmo que houvesse uma disciplina para ensinar a lidar com a dor interna e profunda de alguém, só aprendia e passava quem tem um coração tão doce e tão aberto como o da Di!
A Di passou,sem lhe ensinarem,com a nota máxima! Lida,transmite amor e carinho,ajuda-os muito sem se aperceber e minha querida não julgue a sua alegria "parva!": ela é um dom nesse meio!
Um raio de sol que ilumina um dia que pode ser triste para alguém!
Por tudo isso e por muito mais é que eu a ADORO.
Mil beijos da BACOUCA

 
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