sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Ele- Oh enfermeira, não me arranja um Cerelac?

Eu- Uma papa Cerelac? Tem fome?

Ele- Não um foguetão! Um Cerlac foguetão.

Eu- Não estou a ver o que precisa. Mas é para que? Tem dores é? É um Cetrolac o que precisa?

Ele- Não! Preciso cagar!

Eu- Ahhh precisa de um Microlax. Claro que sim, arranjo já um microlax cerelac foguetão.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Fim de semana de folga... soube-lhe bem?

Disse-me um senhor de pele bem morena esta manhã. É bom haver doentes que sentem a minha ausência e ficam felizes ao ver-me chegar. Afinal de contas eles são o mais importante do meu trabalho, e o seu reconhecimento é o que faz valer mais a pena. Tenho percebido que não é por manobrar melhor a agulha que me tornei mais competente, e que sinto falta das histórias partilhadas com os internamentos longos que aqui não acontecem. Sinto falta de lhes reconhecer os gostos e lhes saber os nomes sem dificuldades. De a pouco e pouco lhes conhecer as histórias de vida e de lhes agradecer as partilhas. Quando este senhor hoje me falou, eu perguntei-me quem seria ele, que nome teria e porque não guardava eu nenhuma recordação. Aqui é um entra e sai, muitos chegam de manhã para serem operados à tarde e terem alta à noite. Eu sou afectuosa, gosto de saber mais, de eu própria me dar mais, da partilha de atenções nesta forma singular.

E é bom isto, isto de se gostar mais de uma coisa do que de outra. Ir percebendo que o que me fez falta afinal é importante, mas pode vir a não ser fundamental.

Estou cada vez mais aberta a novos caminhos, é o que sinto. A uma maior diversidade de experiências profissionais e de vida. Novas oportunidades, ou mesmo novos desafios por mim despertados. Deveria eu estar a amadurecer, ou será este o meu amadurecimento?

E depois da caravana passar vem a poeira que a sua passagem provoca. A que se levanta densa como uma nuvem cinzenta. E eu ainda acreditei que ela passeasse sem deixar rasto, como se tal fosse possível nesta estrada de pó.

E ao fundo ainda a vejo colorida a percorrer o seu caminho cada vez mais longe. Parece que a minha viagem acabou… Mesmo que o meu coração ainda grite: Ah se eu pudesse continuava contigo para sempre.

sábado, 10 de setembro de 2011

A vida é uma caravana. E é isto.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Mais um que me faz lembrar aquilo que nunca vou esquecer.

sábado, 3 de setembro de 2011

Do amor ao casamento*

Uma amiga querida casa em breve (olá Isabel!) e eu infelizmente não posso estar ao lado dela nesse momento. Não posso porque acabei de entrar num novo emprego e para o segurar ainda não me é permitido arrebitar cachimbo, de forma que, vou aceitando aquilo que considero ser um abuso. Horários incríveis, ordenados miseráveis, trabalho e mais trabalho, olheiras e saudades. Nada mais parece interessar e eu, para sobreviver por uns tempos, vou ter que sujeitar-me a isso. Assim sendo, não me é permitido mais uma vez visitar o meu norte, o meu cantinho, a minha terra, nem reencontrar os meus amigos, abraça-los, enche-los de beijos e amor. Mas pior do que isso, não vou estar contigo, nem ver-te entrar na igreja, olhar para os olhos do Diogo a transbordar de amor por ti. Tenho a certeza que vai ser um dia feliz, sei que sonham com ele há muito tempo, e não me restam dúvidas de que, de facto o vosso amor é forte, é grande e uniu-vos numa grande cumplicidade.

Continuo a achar que o amor é o melhor que nos pode acontecer. Mas ainda não encontrei explicações para o casamento. Talvez tenha medo, talvez seja demasiado séptica, talvez o para “todo o sempre” a mim sempre me tenha parecido um grande risco a cumprir. Por isto admiro ainda mais as pessoas que tem a certeza de terem ao seu lado a sua outra metade, a que se encaixa na perfeição na sua vida, a que, apesar dos seus defeitos ou feitios, os ultrapassa, os aceita e ama, da mesma forma que se admira a beleza, a generosidade ou a paixão.

Minha querida Isabel, meu querido Diogo, principezinhos, amem-se muito e sejam sempre um para o outro aquilo que são hoje. Não se esqueçam de se mimarem todos os dias ao longo dos próximos anos, de verbalizarem os vossos sentimentos, de gritar o vosso amor. Vocês são abençoados por se terem encontrado, por terem as mesmas bases de estrutura de vida, porque quererem juntos aquilo que seria impensável construírem um sem o outro.

Felicidades*



sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Quando corro o risco de ser convidada a abandonar o hospital - parteI

A minha doente preferida do momento tem um leitor de cd no quarto e ouvimos sempre música enquanto cuido dela. Eu canto-lhe baixinho e ela bate palmas feliz. São momentos de pura alegria. Ela uma inglesa típica, franzina de olhinhos azuis, doce doce, que põe as mãozinhas no ar e abana os ombros cheia de classe a gargalhar perante as minhas maluquices. Eu uma enfermeira tresloucada, que faz piruetas e dá gritos histéricos.

Tenho descoberto maravilhosas músicas com ela. Hoje levantei-a da cama depois do jantar convidando-a para uma passinho de dança. Devagarinho foi pondo os pés no chão, as mãos nos meus ombros e, um passinho para lá, outro para cá, começamos a dançar.

Dançamos e cantamos esta música. E foi uma ma-ra-vi-lha.


L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary
E is even more than anyone that you adore can

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please don't break it
Love was made for me and you

L is for the way you look at me
O is for the only one I see
V is very, very extraordinary

E is even more than anyone that you adore can

Love is all that I can give to you
Love is more than just a game for two
Two in love can make it
Take my heart and please don't break it
Love was made for me and you
Love was made for me and you
Love was made for me and you

 
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