terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Caos

Vinte e poucos doentes que almoçam no mesmo refeitório.
Um engasga-se. Outro ri-se do que se engasgou até vomitar. O que vomita exige atenção imediata. Os outros comem.
Lá no fundo um ri-se do que se ria do engasgado. Ri-se até urinar. O que urina exige atenção imediata. Os outros comem.
Mal acabam de comer tencionam quase todos, atenção imediata aqui agora e já.
Tenho que urinar! Tenho chichi! Tenho cocó! Estou mal disposta! Quero os comprimidos! Quero água! Quero-me deitar! Preciso de ajuda!
Os que me fazem mesmo lamentar tudo isto, são os serenos. Os que aguardam pela sua vez e falam com educação. E se queixam pouco. E pedem calma aos que gritam. E sabem o que recebem em troca? São sempre os últimos. É um bocadinho triste este ciclo que se cria. Mas quase sempre é assim que acontece.

3 comentários:

L.S. Alves disse...

Espero que não te faltes força para continuares com o seu trabalho.
Um abraço e boa sorte.

Anónimo disse...

Nunca li uma descrição tão bem feito... è exatamente assim!! Tou a imaginar tudo na minha cabeça...e a rever as refeições.
Beijinhos com saudades!

Bacouca disse...

Eu consigo mais ou menos,imaginar pois estive uns tempos a fazer voluntariado num lar de terceira idade e na verdade socorre-se mais depressa aqueles que pedem mais atenção. E às vezes não deveria ser.

 
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