terça-feira, 28 de julho de 2015

três meses depois

Estou de volta. Foram simplesmente os três meses mais felizes da minha vida, uma experiência incrível, parece que passaram anos tamanha foi a absorção de vida.
Nada correu mal e muitas vezes dei comigo a pensar que tudo era melhor do que eu alguma vez tinha sonhado. As pessoas, os lugares, as aventuras, o viver intensamente, cheia de alegria, cheia de ideias, cheia de vida, cheia de energia, a sorrir o tempo todo.
As viagens são folhas em branco na nossa vida, é incrível como se torna tudo tão mais claro, como ouvir a voz do nosso coração nos leva ao melhor que a vida tem. Como a clareza nos invade e como as gavetas há tanto tempo desarrumadas ficam limpas e fechadas para sempre.
A vida sabe o que faz. E ensinou-me a fazer melhor também.
Singapura recebeu-me de braços abertos, quente, muito quente, organizada, limpa, soube-me a férias.
A Tailândia foi o abanão, foi o quero-ficar-aqui-para-sempre. Quero ser mãe destes meninos todos, quero ajudá-los em tudo. Quero protege-los. Recebia mil abraços e beijos, tinha crianças no meu colo a toda a hora, brincávamos muito. Pude ser enfermeira e sentir que gostava de o ser. Andei de mota pelas montanhas, enfrentei alguns medos, perdi-me no meio de uma tempestade, vi pirilampos na escuridão e chorei de felicidade. Passei alguma fome, fiquei magra como os milhões de cães que via na rua. Repensei a minha vida toda, resolvi seguir o meu caminho, pelo menos por enquanto. Admirei a calma com que os tailandeses vivem e redefini as minhas noções de vida boa. Fui acolhida e acarinhada, chamavam-me sister, pediram-me que ficasse mais tempo. Não os esqueci, nasceram amores eternos, penso nos meus meninos a toda a hora.
Cheguei a Bali em transe. E não podia ter escolhido um sitio mais mágico para me receber. O programa de voluntariado foi uma desilusão, uma pequena fraude, mas tudo o resto parecia ter estado sempre à minha espera.
Fiz um curso de yoga intensivo e nunca mais serei a mesma. Descobri uma nova forma de viver que, por fazer todo o sentido quero segui-la para sempre. Pratico-a todos os dias desde então, ajuda-me tanto a focar no que quero para mim, a encarar a vida com outros olhos e tranquilidade.
Em Bali subi montanhas, atirei-me para lagoas, pensei que morria numa lancha em mar alto. Mergulhei no mar mais azul de sempre, tentei fazer mergulho e tive de ser socorrida. A temperatura era perfeita. As pessoas as mais simpáticas de sempre, Em Bali renasci, tamanha a magia daquela ilha.
Tenho tanto para contar, tantos projectos, tanta vontade de seguir novos caminhos. Começando-se perde-se o medo. Não se quer parar mais.
Vejo agora uma gaiola aberta à minha frente. Vejo o meu chefe a sorrir-me na porta da entrada já com a chave e a tranca na mão. Vejo-me a sorrir para ele, a abraça-lo e a agradecer-lhe a oportunidade de me ter deixado andar no céu nos últimos três meses. 
E não quero ver mais nada, faltam-me ainda alguns dias. Aprendi a não projectar demasiado o futuro. Ouve uma monja que me disse que eu tinha tudo o que era preciso. Tinha um coração bom. Não disse demasiado bom, demasiado grande. Disse-me que era na medida certa. O meu coração é a minha casa, confio tanto nele que não sinto medo. 
Agora só vou onde ele me levar.


1 comentário:

Dulce disse...

Eu fico maravilhada quando te leio.

 
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