sábado, 10 de julho de 2010

Ele é um homem brusco, daqueles que raramente aceita ajuda de seja quem for, e quando vê que não consegue passar sem ela raramente agradece.
Fala alto, fica doente porque o obrigamos a tomar banho todos os dias, come em silêncio e quando termina exige retirar-se do refeitório.
Começa grande parte das sua raras conversas com “pá” e quando a mesma deixa de lhe interessar vira costas e solta uma expressão típica e antiga cujas palavras ainda não consegui decifrar.
Hoje pediu-me que o levasse pela mão porque tinha um favor especial que há uns dias estava para me dizer mas tinha adiado.
- Eu queria telefonar à minha mulher enfermeira, mas não sei se consigo, mexe-me com os nervos”
- Oh homem! Ligue-lhe! Fale com ela certamente que ela ficará contente!
Tentou convencer-me que não, mas teimosa nem o deixei argumentar, liguei e passei a chamada para o seu quarto.
Foi vê-lo sufocado em lágrimas, cara toda enrugadinha já roxo da falta de ar, sem conseguir que uma palavra lhe saísse da boca sequer. Com o auscultador longe do ouvido tamanhos eram os gritos da mulher por o ouvir. “Estás bem A.?”

1 comentário:

nat disse...

Minha querida:
A minha querida Di nao imagina como patati patata... a minha querida pataqui patacola...

 
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