quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

R.

O R. é agressivo. Maltrata e pontapeia todos os que se aproximam. Hoje durante a noite, devido à medicação que agora toma para se acalmar, dormiu calmamente, quietinho e descasado. Fui-lhe mexendo, alternando as posições no leito, para que os ossos não lhe furem a pele. Está muito magrinho.

Acorda normalmente aos gritos repetitivos e insultuosos. Manda-me à merda mal me vê. Chama-me feia, porca e diz que cheiro mal. Quando pode encolhe e estica a perna com toda a força que tem (e é muita entenda-se) e acerta-me o mais próximo do estômago que consegue. Na semana passada simulou uma festinha na cara e ao aproximar-se cerrou os dentes e acertou-me um pequeno sopapo.

O R. não é mau. É difícil. Mas hoje, o R. acordou calminho. Chamou-me Diana, Oh Diana… o banho sabe – me tão bem… oh Diana a água está tão quentinha, oh Diana… dá-me iogurte… oh Diana fica aqui… Oh Diana…
O R. hoje encheu-me o coração. Não precisei de lhe ralhar, de o corrigir, de o amarrar. Não limpei o iogurte cuspido do meu cabelo, nem fiquei com nenhuma dor.
Assim começa a mudança. E assim me orgulho do meu trabalho. E agradeço.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Domingo, folga.


Com amigos a matar saudades da Praia.

E eu sinto tantas.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

N.

Sabe enfermeira Diana o N. tem uma namorada, que desde a altura do acidente o ajuda muito.
- Ai sim? E como se chama ela N. conta –me!
- Nádia. Mas ela não me ajuda muito.
- Então filho não digas isso! Quando estavas internado em Lisboa ela ia visitar-te todos os dias, tu é que estavas a dormir e não te lembras.
- Pois não.
Eu caladinha. Nunca vi uma Nádia por lá. Afinal de contas o N. tem apenas 18 anos, está bem diferente no N. anterior ao acidente que o deixou assim. A Nádia não terá mais de 17, é uma menina bonita que pousa alegremente na fotografia afixada na parede do quarto do N.
- Eu gostava só dela só dela. Mas ela nunca mais apareceu.
Talvez a Nádia volte a aparecer. Nem que seja só para lhe dar um beijinho. Para ver se ele se anima e come melhor e recupera o peso. E o volume na voz. E força para todos os dias trabalhar arduamente na sua recuperação. E egoistamente desejando, para ver se nós, que tratamos de ti, te vemos sorrir, melhorar, e por isso voltemos para casa com o coração menos apertado por saber que a vida, num momento infeliz foi tão dura e ingrata contigo.
Querido N.

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

E lá chegou 2009 :)


Recebi 2009 com amigos, risos beijos abraços e danças. Simples e bom.
Gosto de coisas novas e mudanças, mesmo que pequeninas. Começos dão-me sempre a sensação de que coisas muito boas virão. Chegam a todos os minutos.
 
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