quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

N.

Sabe enfermeira Diana o N. tem uma namorada, que desde a altura do acidente o ajuda muito.
- Ai sim? E como se chama ela N. conta –me!
- Nádia. Mas ela não me ajuda muito.
- Então filho não digas isso! Quando estavas internado em Lisboa ela ia visitar-te todos os dias, tu é que estavas a dormir e não te lembras.
- Pois não.
Eu caladinha. Nunca vi uma Nádia por lá. Afinal de contas o N. tem apenas 18 anos, está bem diferente no N. anterior ao acidente que o deixou assim. A Nádia não terá mais de 17, é uma menina bonita que pousa alegremente na fotografia afixada na parede do quarto do N.
- Eu gostava só dela só dela. Mas ela nunca mais apareceu.
Talvez a Nádia volte a aparecer. Nem que seja só para lhe dar um beijinho. Para ver se ele se anima e come melhor e recupera o peso. E o volume na voz. E força para todos os dias trabalhar arduamente na sua recuperação. E egoistamente desejando, para ver se nós, que tratamos de ti, te vemos sorrir, melhorar, e por isso voltemos para casa com o coração menos apertado por saber que a vida, num momento infeliz foi tão dura e ingrata contigo.
Querido N.

3 comentários:

Carla Morais disse...

Fico tantas vezes de lágrimas nos olhos com os teus posts sobre os doentes. No entanto, e apesar de ficar de coração apertado só de ler, fico sempre rendida à tua delicadeza e sensibilidade - que fazem do teu um blog tão bonito!

Bacouca disse...

Como um gesto, uma atitude, um carinho da Nádia podia mudar tanta coisa no N.! Assim como pequenos gestos nossos do dia a dia podem fazer a diferença! E a Di faz!
Bem haja por isso minha querida:)

Alecrim disse...

:(

(Nunca deixes de nos escrever aqui, Di)

 
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