quarta-feira, 24 de junho de 2009

Doentes de quem gosto e não sei porquê

Paquistanês de olhar profundo conseguido por uns olhos negros. Mais jovem do que aparenta, grande e forte, com umas mãos raquete como eu costumo chamar. Já me acertou com o punho fechado em pleno peito durante uma crise convulsiva que quase me mandou desta para melhor. Mas gosto dele na mesma. Tem uma cara estranha, e não o olho nos olhos muito tempo seguido porque me arrisco a que ele se ofenda. O M. apesar de ser à partida um doente detestável despertou muito carinho em mim. É muito bruto e de difícil trato. Arranjei no entanto uma técnica para o distrair que me permite cuidar dele sem levar a qualquer instante, e sem que nada o fizesse prever, pontapés e socos nada fáceis de tolerar. Levei alguns, como já disse um mais forte e crítico que me fez perder a cabeça por instantes partindo eu própria para umas ofensas verbais. Até que tive a ideia de lhe ensinar a falar português.
Ele soletra as palavras que lhe ensino. Digo em inglês, traduzo para português e ele repete. Enquanto isto, que dura largos minutos, dispo-o, dou-lhe banho ou faço o tomar a medicação. Odeia sentir frio, e por isso foi uma bênção o verão ter chegado com toda a força, porque só se queixa mesmo à saída do banho.
Chama-me Joana… “Oh Joana… give me a kiss”
Recebe visita do irmão todos os dias e abraçam-se muito tempo.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Premonições

A D. C. teve alta hoje. Velhinha e obesa agradecida pelos quilos perdidos e pela força que ganhou nas perninhas disse-me antes de partir:

- Muito obrigada por tudo enfermeira Diana. Obrigada a todos pelo que fizeram por mim, vocês são todos tão bons tão bons! Não levo queixas de ninguém. Que Deus te abençoe minha filha, e que te pague. Ou então joga naquilo dos milhões, pode ser que te saia algum. Que bem precisas.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

É assim que gosto de me sentir quando preciso de mudar. Com projectos nas mãos.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Se eu pudesse dava colinho a todas as crianças do mundo. E dava-lhes esperança.
E sonhos.
E não as deixava viver sem muitos beijos abraços e colo.
E amor.
E tempo para brincar. E pais. E avós.
E amigos para a vida.
E praia, risadas e brincadeiras. Pés na lama, petiscos de areia, quedas e mãos fortes para as agarrar.
E alimento. Do corpo e da alma. E arte e música, e cor.
E deixava-as ser livres mas nunca sós.
E sentia-lhes o cheirinho. Que é delas como de ninguém.
 
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