sexta-feira, 14 de outubro de 2011

R*

Hoje fui visitá-lo ao hospital onde esta internado desde 1 de Junho. Desde então que o R. vive entre quatro paredes de gente atarefada e sem tempo. Conhecemo-nos há cerca de um ano atrás, quando fui eu quem cuidou dele, ainda a sua doença não tinha avançado tanto. E hoje lá o reencontrei, sorridente e de braços abertos para me abraçar, e os meus também se abriram antes mesmo de lhe chegar perto. Abracei-o com força e por muito tempo e senti-o chorar. E então ficamos assim, eu a dar-lhe colinho. Depois sentei-me ao seu lado, peguei-lhe na mão e pedi-lhe para me contar tudo. Então, ele começou a dizer-me, que ia ficar bom, que ia voltar a estudar, que tinha que ser descoberto que raio de doença é esta que lhe tira as forças, o equilíbrio, lhe rouba os anos de juventude e o obriga a viver prisioneiro num hospital. E ele falou, e sorriu, e senti-lhe os olhos brilharem de esperança. Disse-lhe que tinha orgulho nele. Pensei no ridículo dos meus problemas perante isto, mas pensei mais ainda na felicidade que me trouxe encontrá-lo e dar-lhe amor.

Quando me vinha embora ele gritou e disse:

- Di, ainda vamos passar uns dias todos ao Farol! E vou fazer peixe grelhado e vamos passar o dia todo dentro de água! Não vamos?

E vim embora a pensar nisto. É que o R. dentro de 2 meses vai viver para uma unidade de cuidados continuados, porque os pais não podem cuidar dele, nem a cadeira de rodas passa as barreiras da sua casa. Mas ele acredita, acredita que um dia tudo vai passar e ele vai voltar a ser o que era, e isto para mim chama-se esperança, uma esperança cheia da maior força do mundo, a dele.

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