terça-feira, 20 de novembro de 2012

S.

Os velhinhos comovem-me. Os velhinhos doentes e abandonados ainda mais. E o S. quando entrou no serviço tinha a morte estampada no rosto, era tanto sangue que perdia, tanto oxigénio que tínhamos que lhe dar, sempre com a máquina a apitar a dar sinal da sua instabilidade.

Tem um amor incondicional por iogurtes líquidos de morango. Já bebeu três de seguida, dados por mim, a enfermeira que não tem medo às diarreias se forem resultado da felicidade, do prazer.
Ontem já o levei ao chuveiro, sentei-o no cadeirão e hoje demos uns passinhos de andarilho. No final do turno meti-lhe na boca um chocolate e ele pediu-me para lhe cantar outra vez a musica. Aquela que cantei há muito tempo atrás. E então eu comecei a cantar… muitas até que ele disse. Essa! É essa.
                         
“Andorinha de asa negra aonde vais ?
Que andas a voar tão alta
Leva-me ao céu contigo, vá
Que eu lá de cima digo adeus
ao meu amor
Ó Andorinha
da Primavera
Ai quem me dera também voar
Que bom que era
Ó Andorinha
na Primavera
também voar"

1 comentário:

Nat disse...

Meu amor... :')

 
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