Disse-me um senhor de pele bem morena esta manhã. É bom haver doentes que sentem a minha ausência e ficam felizes ao ver-me chegar. Afinal de contas eles são o mais importante do meu trabalho, e o seu reconhecimento é o que faz valer mais a pena. Tenho percebido que não é por manobrar melhor a agulha que me tornei mais competente, e que sinto falta das histórias partilhadas com os internamentos longos que aqui não acontecem. Sinto falta de lhes reconhecer os gostos e lhes saber os nomes sem dificuldades. De a pouco e pouco lhes conhecer as histórias de vida e de lhes agradecer as partilhas. Quando este senhor hoje me falou, eu perguntei-me quem seria ele, que nome teria e porque não guardava eu nenhuma recordação. Aqui é um entra e sai, muitos chegam de manhã para serem operados à tarde e terem alta à noite. Eu sou afectuosa, gosto de saber mais, de eu própria me dar mais, da partilha de atenções nesta forma singular.
E é bom isto, isto de se gostar mais de uma coisa do que de outra. Ir percebendo que o que me fez falta afinal é importante, mas pode vir a não ser fundamental.
Estou cada vez mais aberta a novos caminhos, é o que sinto. A uma maior diversidade de experiências profissionais e de vida. Novas oportunidades, ou mesmo novos desafios por mim despertados. Deveria eu estar a amadurecer, ou será este o meu amadurecimento?
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