O F. disse me que tinha muito frio. Que já batia os dentes e queria ir para cama e ficar todo tapadinho
Estou gelado por dentro. Sinto o meu corpo congelado por dentro. Enquanto tremia e batia o dente.
Expliquei-lhe porquê. O que mudou no seu corpo para que agora não seja tão fácil manter-lhe a temperatura ideal. Porque é que o ar condicionado a uns refresca e a ele o estava a congelar.
Deitei-o na cama. Posicionei-o até que se sentisse bem. Tapei-o tapadinho com lençol, colcha e afagos. E meti-lhe um caramelo na boca.
Pensei como é pequenino este menino. Como é transparente no terror que sente, como ainda fica mais pequenino tapadinho até ao pescoço com os olhos castanhos e pestanudos a sobressair na cama branca. Falamos de caramelos de fruta, das derrotas do Sporting, do hipotálamo e da medula com a mesma calma e descontracção.
Fui aconchegando a roupa da cama e passando a minha mão pelos seus braços e pernas para que o frio passasse. Vai passar digo-lhe. E ficas comigo até que passe? Fico.
Quando avaliei a temperatura pela última vez a hipotermia tinha passado e o F. dormia. Ia a sair do quarto quando os outros dois doentes que o partilham com ele me perguntam a sussurrar
O F. adormeceu Diana? Ele está bem?
Sim. Vamos deixá-lo dormir.
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3 comentários:
Sabes que me fazes chorar?
Querida Di,
E a mim também! Pela ternura, pelo carinho e pelo profissionalismo com que lida com os pacientes. Tenha eu a benção de quando precisar ter uma Di a meu lado...Haverá?
Um beijo cheio de amizade
Como sempre... estás muito linda Di
Es perfeitamente linda :D
Beijinhos
Isabel Quintas
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