sexta-feira, 27 de dezembro de 2013
quinta-feira, 26 de dezembro de 2013
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
L.
Vi-os ao fundo do corredor abraçados, encaixados um no
outro, minutos seguidos, pareciam uma escultura. Ela pequena envolvida nos
baços dele, com a cabeça encostada ao seu peito, como se estivesse a ouvir-lhe
o coração. Ele repousava levemente a sua cabeça sobre a dela, e todo o seu corpo
a envolvia naquele abraço, como se os braços os amarrassem, os corpos os unissem
e dois corações juntos conseguissem suportar o que para um é tão difícil.
Lembro-me de ter lido num livro, que um médico para
tranquilizar uma mãe que corria o risco de perder um segundo filho pela mesma
doença lhe disse “um raio não cai duas vezes na mesma árvore”. Mas cai. A vida
às vezes consegue ser tão madrasta que pensamos que mais nada de mal nos poderá
acontecer, mas acontece. Pensamos que não é justo, que merecemos ser felizes,
merecemos que as coisas corram bem, merecemos ter sorte, como outro qualquer.
Estes dois irmãos estão a ver a mãe morrer, meses depois de
terem perdido o pai. Meses depois de uma perda sem tamanho, a vida prega-lhes
outra partida com um sem tamanho ainda maior. Onde está a justiça?
Vê-los assim, um para o outro, apenas um para o outro, sem
mais ninguém, fez-me abrir os olhos. Não que eu os tivesse fechados, não que eu
me sinta à partida uma vítima de um mundo injusto, mas porque compreendo ainda
mais as bênçãos que me rodeiam. Não gosto de justificar a obrigação por ser
feliz com a célebre expressão “há sempre quem tenha menos” “há sempre quem
tenha motivos para sofrer muito mais”. Prefiro pensar que tudo é um desafio.
Que as experiências inevitáveis que atravessam repentinamente a nossa vida são
um desafio, e que muitas vezes as minhas emoções, os meus medos e até a minha
dor serão levados a um novo limite. E outro limite será criado, e outra
fronteira do que é suportado surge. Viver também é isto, enfrentar. Enfrentar o
que for, o que vier.
Vem aí um novo ano e não vou à partida rotulá-lo de
triste. Apesar do desafio ser grande, de eu desejar todos os dias simplesmente
fazê-lo desparecer, não tenho por onde fugir. E a imagem destes irmãos
abraçados será certamente uma inspiração. Somos capazes de tanto, somos capazes de sempre mais, se de tudo
retirarmos o que houver e for preciso absorver.
Desejei abraçá-los. Sãos os dois tão bonitos, tão silenciosos,
tão cúmplices. Ficam aqui guardados para sempre.
sábado, 7 de dezembro de 2013
três anos depois do dia zero
Esteve um dia de outono lindo com muito sol. Encontrei o teu pai e dei-lhe um beijo.
Temos saudades tuas.
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