Paquistanês de olhar profundo conseguido por uns olhos negros. Mais jovem do que aparenta, grande e forte, com umas mãos raquete como eu costumo chamar. Já me acertou com o punho fechado em pleno peito durante uma crise convulsiva que quase me mandou desta para melhor. Mas gosto dele na mesma. Tem uma cara estranha, e não o olho nos olhos muito tempo seguido porque me arrisco a que ele se ofenda. O M. apesar de ser à partida um doente detestável despertou muito carinho em mim. É muito bruto e de difícil trato. Arranjei no entanto uma técnica para o distrair que me permite cuidar dele sem levar a qualquer instante, e sem que nada o fizesse prever, pontapés e socos nada fáceis de tolerar. Levei alguns, como já disse um mais forte e crítico que me fez perder a cabeça por instantes partindo eu própria para umas ofensas verbais. Até que tive a ideia de lhe ensinar a falar português.
Ele soletra as palavras que lhe ensino. Digo em inglês, traduzo para português e ele repete. Enquanto isto, que dura largos minutos, dispo-o, dou-lhe banho ou faço o tomar a medicação. Odeia sentir frio, e por isso foi uma bênção o verão ter chegado com toda a força, porque só se queixa mesmo à saída do banho.
Chama-me Joana… “Oh Joana… give me a kiss”
Ele soletra as palavras que lhe ensino. Digo em inglês, traduzo para português e ele repete. Enquanto isto, que dura largos minutos, dispo-o, dou-lhe banho ou faço o tomar a medicação. Odeia sentir frio, e por isso foi uma bênção o verão ter chegado com toda a força, porque só se queixa mesmo à saída do banho.
Chama-me Joana… “Oh Joana… give me a kiss”
Recebe visita do irmão todos os dias e abraçam-se muito tempo.