quinta-feira, 26 de junho de 2008

Verano



Uma das melhores recompensas de se trabalhar no Algarve é viver o Verão intensamente. Conseguir ir à praia quase todos os dias, banhos de mar de 20 minutos, nadar e flutuar nas ondas. O Verão chegou em força e isso deixa-me muito feliz.
Hoje, numa das raras vezes que o nosso horário o permitiu, os três enfermeiros nortenhos cá de casa, foram à praia juntos. Dia 26 é sempre um dia a comemorar;)

terça-feira, 24 de junho de 2008

Não é sonolência, é sono.

As noites no hospital custam muito a passar. Custam aos doentes e custam a quem tem que se manter alerta. No início de um turno da noite nunca sabemos o que nos espera mas a frase desejando uma noite calma nunca é dita. (dizem que dá azar;))
Silêncio interrompido. Campainha que toca. A luz acende. A Diana lá vai. Vou devagarinho… só espero que não acorde mais ninguém. Costumo dizer que uma campainha nunca toca só. E não toca. Lamento não ser a mesma às 5h da manhã. Não ter a mesma capacidade para ser compreensiva. Às vezes sei que não me rio, sei que não falo muito, nem ouço muito, só incentivo o sono, o descanso e faço o que é necessário. Há dias em que tudo o que está na minha cabeça é que o turno passe e as 9 horas da manhã cheguem depressa. Há dias em que sou mais a Diana e menos a enfermeira. Hoje já fiz manhã e a noite de trabalho pela frente diz-me que o melhor será dormir agora. Agora enquanto há silêncio porque trabalho por estas bandas não tem faltado ultimamente.
Durante a noite no hospital muitos velhinhos desorientam e alucinam. Alguns pedem-me bacalhau, outros vêem pessoas que voam à volta deles, bolas gigantes e objectos estranhos. Chamam por ajuda. A campainha toca, a luz acende. Lá vai a Diana. Penso em ser mais enfermeira e menos Diana. Ouço as histórias mais estranhas. Rio-me baixinho e digo que vai passar. Às vezes ando à procura dos pseudo fantasmas só para garantir que não estão escondidos em lado nenhum. Vá pode dormir descansado. Se a bruxa na vassoura andar por aí… agora vai comigo. E chamo por ela e vamos embora as duas. Há os que acreditam que convenço qualquer bruxa a acompanhar-me, mas há uns que ainda vou no fundo do corredor e já tocaram outra vez. Porque eu levei a bruxa, mas o seu gato não se cala. O gato! Como me esqueci do gato…

Gerir tudo não é fácil quando o nosso corpo e nossa cabeça nos pedem descanso. E quando os companheiros de quarto dos doentes que desorientam nos pedem sossego. Acho que os enfermeiros precisam de uma luz divina. De um poder. De serem mais enfermeiros e menos pessoas. De estarem sempre disponíveis. De saberem colocar-se no lugar do outro. Deste que está à nossa frente. De não nos irritarmos. De não perdermos a cabeça. Mas os enfermeiros não são só enfermeiros. E a maior batalha entre mim e a minha profissão tem sido travada contra um inimigo difícil. O sono.

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Deixa-me rir

Rio-me dos cautelosos e dos prudentes. Rio-me de mim própria. Rio-me dos medos de ontem. Dos que não consigo evitar hoje. Rio-me quando chega ao momento em que o medo de ontem controla o meu dia de hoje. Rio-me no exacto momento em que ele chega. Rio-me dele e para ele. E pergunto. Era disto que tinha medo?
E rio – me ainda mais.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Regresso ao trabalho

- Pensei que nunca mais vinhas
- Eu disse-te que ia de férias S.
- Tive saudades tuas

terça-feira, 10 de junho de 2008

Férias

Toda a gente merece férias. Todos.
Sentir o sol aquecer a pele.
Ir à praia.
Banhos de mar.
Caminhar com roupa fresca ao fim do dia.

Respirar devagarinho e sem pressa. Todos merecemos

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Finalmente eu e a croma matamos saudades:)

Nat, amor da minha vida que pequenino fica o meu coração sem ti**

segunda-feira, 2 de junho de 2008

Agora agora

Eu passo a vida a cantar. Canto todas as músicas que me lembro e não preciso de saber as letras. Invento-as e digo grandes barbaridades desde que rime. Canto em todo o lado. Canto quando acordo bem disposta, quando tomo banho quando conduzo e quando ouço uma música de que gosto esteja onde estiver.
Hoje a minha mãe mandou-me calar, farta de me ouvir cantar a minha música popular favorita:
Oh linda eu vou-me embora. Oh linda agora agora… (repito mil vezes, descanso e volto à carga).
Faço-me de amuada.
- Os meus doentes gostam. Nunca me mandam calar. Canto no refeitório durante as refeições, canto enquanto lhes dou banho, canto para embalar os que precisam. E a D. A. já me disse que se não fosse enfermeira podia ser cantora.
- Não achas que podes incomodar as pessoas?
- Não.

30 maio - 18h06

O meu corpo dá-me sinais de exaustão e eu mando-o calar lembrando-o de que entro de férias hoje. Tens ainda tanto para fazer, mala, arrumar quarto, decidir horário de alfa, arranjar alguém quem te vá buscar ao Porto. Ganhar coragem para as horas enfiadas no comboio, decidir o que vou ler. Viver a crise do toma não toma qualquer coisa e vais mas é a dormir. Não. Não tomo.
Amanhã acordarei, farei a mala e rumo ao norte. Cheia de saudades de todos. Mal posso esperar para ter os meus piolhinhos todos nos braços e sentir o cheirinho das crianças. Mal posso esperar para ver a Mel aos pulos frenéticos de volta de mim. Isto se ela me perdoar a ultima ausência de quase dois meses.
Amanhã:)))))))
 
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